Transtorno do Pânico e o Medo de Sentir Medo
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29/05/2024Inteligência Emocional
O Gerenciamento das Emoções para uma Existência Consciente e Harmoniosa
A inteligência emocional é um dos pilares fundamentais para uma vida equilibrada e satisfatória, tanto no âmbito pessoal quanto profissional. Essa habilidade, que envolve a capacidade de reconhecer, compreender e gerir nossas próprias emoções, bem como as dos outros, e é crucial para enfrentar os desafios diários com resiliência e empatia.
Em um mundo onde o estresse e a pressão são constantes, desenvolver a inteligência emocional torna-se essencial para construir relacionamentos saudáveis, tomar decisões mais acertadas e alcançar um bem-estar integral.
Para saber mais: A importância das emoções em nossa vida
O modo como interagimos com as emoções repercute em todos os aspectos de nossa vida e influi significativamente na nossa capacidade de gerir a vida com mais eficiência. Estar em contato com as emoções e saber reconhecer os próprios sentimentos permite lidar melhor com o estresse e desenvolver uma comunicação mais eficiente com os outros. Essas habilidades enriquecem tanto nossas relações pessoais quanto profissionais.
O que é Inteligência Emocional
A Inteligência emocional refere-se à capacidade de perceber, identificar, entender, utilizar e administrar as emoções de forma construtiva. Isso envolve reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, desenvolvendo habilidades para lidar com eles de maneira que melhore a qualidade de vida e a saúde. Além disso, uma pessoa emocionalmente inteligente tem habilidades para se motivar e persistir diante das frustrações.
Componentes da Inteligência Emocional
Segundo Daniel Goleman, psicólogo e autor do livro “Inteligência Emocional”, essa competência pode ser categorizada em cinco habilidades principais:
- Autoconhecimento Emocional/Autoconsciência – reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem; perceber como a emoção afeta o pensamento e o comportamento. Conhecer as próprias fragilidades e limitações, assim como suas forças.
- Controle Emocional/autogestão – Administrar o comportamento impulsivo; lidar com os próprios sentimentos e adaptar-se às mudanças.
- Auto-Motivação – Utilizar as emoções para alcançar objetivos pessoais.
- Reconhecimento de emoções em outras pessoas – Compreender as emoções, preocupações e necessidades dos outros, demonstrando empatia.
- Habilidade em relacionamentos interpessoais – Interagir com os outros utilizando competências sociais para desenvolver e manter bons relacionamentos. Inspirar e influenciar as pessoas ao redor, aprimorar a capacidade de gerir conflitos e de utilizar o humor para lidar com desafios.
“Não existe correlação entre QI e empatia emocional. Eles são controlados por diferentes partes do cérebro”. Daniel Goleman
Importância da Inteligência Emocional
Uma pessoa pode ser muito inteligente e se destacar nos estudos e no trabalho, mas, ao mesmo tempo, não conseguir se desenvolver e se destacar em sua vida pessoal. Socialmente, pode ser inadaptada e malsucedida.
- Pessoas com baixa inteligência emocional frequentemente não percebem suas próprias reações, ignorando sentimentos que podem impactar significativamente sua saúde mental e física. Como resultado, suas relações afetivas costumam ser densas e conflituosas, com pouco diálogo e falta de cuidado em relação aos sentimentos e necessidades do outro.
- Essas pessoas muitas vezes têm dificuldade em manter relacionamentos sociais saudáveis, possuindo poucos amigos e círculos sociais restritos. Elas tendem a reagir aos acontecimentos sem refletir, resultando em explosões de fúria ou choro. Pequenos acontecimentos se tornam exageradamente grandes em suas mentes. Além disso, têm uma tendência à negatividade, focando no que pode dar errado.
- Raramente falam sobre o que sentem ou como se sentem, não compartilham suas insatisfações, deixando o outro no vazio, sem saber o que está acontecendo.
- Frequentemente, recorrem a comportamentos de fuga, como beber, fumar, jogar, roer unhas, comer em excesso, entre outros.
Para Saber Mais: Quando as Emoções se Tornam Patológicas
Desenvolvimento da Inteligência Emocional
Desenvolver a inteligência emocional é essencial para uma vida saudável e de qualidade. Essa habilidade melhora a qualidade dos relacionamentos, tornando-os mais construtivos, e aumenta a satisfação na vida profissional.
Felizmente, a inteligência emocional pode ser desenvolvida e aperfeiçoada ao longo da vida. No entanto, isso exige esforço, disponibilidade e boa vontade para mudar, pois, existe uma considerável distância entre o que sabemos que deve ser feito e o que realmente fazemos para transformar nossa realidade.
Esse tipo de aprendizado se dá nas emoções. Não se trata de um processo verbal ou de memorização, e sim de aprendizagem sensorial. Tem a ver com contato consigo mesmo, com percepção e, principalmente, aproximação com o outro. É na relação com o outro que crescemos e nos desenvolvemos, com uma aprendizagem baseada no que vemos, ouvimos e em como sentimos.
“Conhecer os outros é inteligência, conhecer a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar a si próprio é verdadeiro poder”. Lao-Tse
7 dicas para aumentar sua capacidade de autogestão
- Habitue-se a perceber suas reações emocionais. No dia-a-dia, diante dos acontecimentos e das questões com as quais temos que lidar, somos atravessados por emoções que algumas vezes nem chegam à nossa consciência. Porém, o fato de não nos ocuparmos com elas, ou mesmo não as perceber, não significa que não possuam efeitos em nosso estado mental e no comportamento. Perceber os sentimentos aumenta nossa capacidade de nomear adequadamente nossas emoções e de lidar com elas de forma mais construtiva.
- Atente para a relação da emoção com o comportamento: Como você reage quando está com raiva, medo ou sentindo insegurança? Por exemplo, você interrompe a conversa e se retrai? Ou, torna-se agressivo? Talvez tenha crises de choro? E ainda, tem comportamentos compulsivos, como comer em excesso, roer unhas, fumar, beber, etc.? Portanto, reflita sobre sua postura em momentos em que se sente dominado por emoções fortes e procure entender o que gera tais impulsos comportamentais. Na medida em que conseguir compreendê-los, suas possibilidades de lidar com eles e de buscar alternativas que irão colaborar para mudar a atitude aumentarão. Em suma, compreender esses impulsos aumenta sua capacidade de gerenciá-los e buscar alternativas mais construtivas.
- Seu corpo é mais inteligente que você, aprenda a ouvi-lo: corpo e mente são uma unidade; nada acontece na mente sem que se reflita no corpo, assim como nada acontece no corpo sem que a mente não perceba. Aprenda a perceber os sinais físicos das emoções. Qual parte do seu corpo você sente quando está com raiva, tristeza, vergonha, alegria. Algumas pessoas quando estão tristes sentem aperto no peito, nó na garganta. Com raiva, sentem dores de cabeça, ou, quando estressadas, sentem o pescoço e costas tensionadas. Em momentos de tensão, dedique alguns minutos para relaxar estas partes do corpo com exercícios de respiração e relaxamento. O fluxo sanguíneo voltará a fluir normalmente e as ideias se tornaram mais claras.
- Humano demasiado humano: como seres humanos, possuímos em nós todas as emoções e todas são validas e necessárias. Adjetivar emoções como “negativas” (inveja, ódio, rancor, medo) limita nossa capacidade de conhecê-las de forma plena. Conhecê-las e aceitá-las nos permite desenvolver habilidades para agir adequadamente. Aceitar todas as emoções, sem as rotular como ‘negativas’, permite um autoconhecimento mais profundo. Conhecê-las e aceitá-las desenvolve habilidades para agir de forma adequada e construtiva.
- Desenvolva a empatia: colocar-se no lugar do outro, reconhecer como ele se sente e prestar atenção no que ele está dizendo te dará maior noção de como se sente e, além disso, contribuirá para melhorar o relacionamento. Muitas de nossas irritações em relação ao comportamento do outro têm a ver com nosso modo de pensar em como as coisas deveriam ser, sem levar em conta no que o outro acredita. Lembre-se: a opinião do outro expressa uma realidade que ele tem do seu ponto de vista e, portanto, tem a ver com a realidade dele e não com o que é real.
- Preste atenção no seu padrão emocional: diante de emoções fortes, busque conectá-las às vivências passadas e perceba o modo do comportamento. Lembre quando foi a última vez que se sentiu desta forma e os desdobramentos que se deram durante e depois. Quais foram as consequências do seu comportamento? Se aprender sobre como é seu padrão sob fortes emoções, você terá maiores possibilidades de ter controle sobre si e de buscar alternativas quando este modo de agir ocorrer novamente.
- Exercite a si mesmo: decida como gostaria de se comportar: sentir emoções é natural. Você não pode evitá-las, mas pode aprender a lidar com elas. Reagir sem refletir, na maior parte das vezes, te leva a caminhos que podem ser áridos e inférteis. Gera mal-estar em você e nos outros. Você pode pensar em como poderia reagir diante de acontecimentos que aumentam o nível de estresse e consequentemente a raiva, o medo, etc.
Abra a mente e permita-se a mudança. Quando voltamos a mente para a compreensão e reflexão interior, conseguimos lidar com mais facilidade com os conflitos, mantendo a calma e a confiança.
Permita-se Mudar e se Transformar
Acomodar-se na ideia de que tem “personalidade forte” e que já nasceu assim e assim sempre será é imaturidade, egoísmo e desrespeito com os que estão ao seu redor. Permita-se evoluir, crescer e viver melhor consigo e com os outros.
Se precisar de ajuda, procure um profissional de sua confiança. A psicoterapia oferece um espaço seguro para explorar sentimentos, enfrentar desafios e desenvolver habilidades emocionais.
O processo psicoterápico fornece ferramentas que promovem seu crescimento e desenvolvimento pessoal, além de habilidades técnicas para gerenciar suas emoções. Durante as sessões, o terapeuta guia o paciente na exploração de sentimentos e padrões de comportamento, promovendo o autoconhecimento, essencial para a inteligência emocional.
Além disso, a psicoterapia ensina técnicas para gerenciar emoções de forma mais eficaz. Por exemplo, ao aprender estratégias de enfrentamento, os pacientes podem lidar melhor com o estresse e a ansiedade. Consequentemente, tornam-se mais resilientes e capazes de manter a calma em situações desafiadoras.
Outro benefício significativo é a melhoria das habilidades de comunicação. A psicoterapia incentiva os pacientes a expressarem seus sentimentos de maneira clara e assertiva. Como resultado, desenvolvem empatia e melhoram seus relacionamentos interpessoais.
Em resumo, a psicoterapia é uma ferramenta poderosa para desenvolver a inteligência emocional, oferecendo suporte no autoconhecimento, na gestão emocional, na comunicação e na construção de relacionamentos saudáveis.
Mary Scabora
Psicóloga Clínica
Cuidar da saúde mental também é cuidar da saúde.
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Fontes bibliográficas: Goleman, Daniel - Inteligência emocional [recurso eletrônico] / Daniel Goleman ; tradução Marcos Santarrita. – Rio de Janeiro : Objetiva, 2011. recurso digital