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O Que São Doenças Psicossomáticas?
Doenças psicossomáticas são aquelas em que conflitos emocionais resultam em manifestações físicas no corpo. Embora os sintomas sejam reais e possam afetar gravemente a saúde, sua origem é psicológica, e não biológica. Esses sintomas frequentemente não são explicados por exames laboratoriais, pois não têm uma causa física identificável.
Como Surgem as Doenças Psicossomáticas
As doenças psicossomáticas surgem quando um conflito psíquico causado por uma fonte de estresse ultrapassa a capacidade de tolerância do individuo. Ao invés de serem reconhecidas e elaboradas, essas tensões podem ser descarregadas através de manifestações no corpo (soma). Esse fenômeno indica uma falha na capacidade de simbolização e de elaboração mental. Deste modo, adoecer pode ser uma tentativa do corpo de estabelecer um equilíbrio diante das dificuldades.
A doença surge como uma linguagem que é representada pelo corpo. Há diversas evidências que comprovam a relação entre as emoções e os vários componentes do sistema imunológico. Isso explica o surgimento ou agravamento de uma série de doenças físicas, mas por razões emocionais.
Fatores que Contribuem para Somatização
Diversas situações podem facilitar o desenvolvimento de somatizações, como depressão, ansiedade e estresse.
As pessoas mais afetadas incluem aquelas que enfrentam:
- Desgaste profissional: afeta principalmente, trabalhadores que com o público como vendedores, atendentes de telemarketing, professores, bancários e profissionais de saúde. Porém, afeta da mesma forma os estudantes e pessoas desempregadas, ou que estejam vivendo situações de estresse no trabalho, pressão por conta de prazos apertados, por exemplo.
- Acontecimentos marcantes: eventos como morte, separação, demissão e conflitos de relacionamentos.
- Situações de violência psicológica: casos de violência doméstica, assédio moral e bullying.
- Dificuldades variadas: problemas financeiros, de relacionamento, profissionais, crises familiares e doenças.
- Dificuldades emocionais: Ansiedade intensa e tristeza, especialmente em pessoas que não compartilham suas preocupações, dúvidas ou não conversam sobre seus problemas.
Pessoas que estão ansiosas ou deprimidas têm maior tendência a aumentar os sintomas físicos e a elaborar ideias catastróficas sobre suas causas e consequências. Do mesmo modo, as pessoas que estão sofrendo com uma doença orgânica podem aumentar o estresse e a ansiedade, além de serem mais vulneráveis a desenvolver a depressão ou um transtorno de ansiedade.
Mecanismo das Doenças Psicossomáticas
Como Ocorrem as Doenças Psicossomáticas: O Papel do Hipotálamo
O mecanismo que faz surgir uma doença psicossomática está intimamente ligado ao funcionamento do hipotálamo, uma das estruturas mais importantes do sistema nervoso central. O hipotálamo desempenha um papel crucial no controle das emoções e dos comportamentos, influenciando diretamente a resposta do corpo a diversos estímulos.
O hipotálamo coordena o sistema nervoso autônomo, que regula funções involuntárias do corpo, como a frequência cardíaca, a respiração e a digestão. Além disso, ele produz hormônios que influenciam quase todas as funções do organismo, ajudando a ajustá-lo às variações externas, como mudanças de temperatura e estresse.
Entre suas muitas funções, o hipotálamo controla o apetite e a saciedade, regula a temperatura corporal e desempenha um papel importante no processo de contração muscular. Mais significativamente, o hipotálamo é o principal centro da expressão emocional e do comportamento sexual.
Quando uma pessoa enfrenta conflitos emocionais intensos ou prolongados, o hipotálamo pode reagir produzindo hormônios que desencadeiam respostas físicas. Essas respostas podem se manifestar como sintomas físicos reais, embora não tenham uma origem biológica detectável por exames laboratoriais tradicionais. Dessa forma, os conflitos psicológicos podem se transformar em sintomas físicos, caracterizando uma doença psicossomática.
Esse mecanismo mostra a profunda interconexão entre a mente e o corpo, ilustrando como estados emocionais e psicológicos podem influenciar diretamente a saúde física.
O estresse, a ansiedade e a depressão são causas frequentes de doenças manifestadas no corpo.
O organismo possui três vias de resposta para descarregar as excitações: orgânica, ação e pensamento. Diante de uma perturbação em seu funcionamento, seja por inadequação ou insuficiência dessas respostas, o indivíduo pode, conforme suas características psicológicas e o momento de vida, ser acometido por patologias chamadas ‘psíquicas’ ou ‘somáticas’.
Estresse e Suas Consequências
Diante de situações estressantes, o organismo desenvolve um conjunto de reações enquanto lhe é exigido esforço para a adaptação. Porém, a energia necessária para esta adaptação é limitada. Se o agente estressor for muito potente e prolongado, haverá desequilíbrio na defesa imunológica do organismo, gerando maior pré-disposição ao desenvolvimento de doenças psicossomáticas.
Em períodos de estresse, quando as pessoas desenvolvem muitas reações emocionais negativas, é provável que surjam certas doenças relacionadas com o sistema imunológico, como: a gripe, herpes, diarreias, ou outras infecções provocadas por vírus oportunistas.
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As Emoções Também Atuam como Agentes Estressores Fisiológicos.
O medo, a raiva e a tristeza se destacam como principais agentes da ruptura da homeostasia corporal.
São respostas orgânicas, mentais, psicológicas e comportamentais para enfrentar e se adaptar aos agentes estressantes.
A dificuldade para lidar com situações estressantes pode gerar sentimentos de desespero e sensação de abandono, desamparo e desesperança. Esse alerta fisiológico do estresse está relacionado às causas das doenças psicossomáticas.
O tempo todo nosso corpo produz sintomas físicos em resposta a emoções. O contrário também acontece, quando nosso corpo apresenta respostas emocionais a sensações físicas. É comum suar e ficar com as mãos trêmulas antes de uma apresentação em público, sentir o coração disparar quando se está com medo, ficar vermelho quando sente vergonha ou produzir pensamentos angustiantes diante de um aperto no peito.
Tudo depende da maneira como a pessoa encara este tipo de situação. Cada um lida com o estresse de formas diferentes.
A doença aparece quando há uma resposta inadequada ou insuficiente. E carrega uma mensagem: Cuide-se, viva melhor!
Normalmente, um transtorno mental é decorrente da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. O ser humano é um ser biopsicossocial, além do que diz respeito à biologia, há um aparelho psíquico com identidade própria e em funcionamento, que desencadeia reações fisiológicas como consequência dos processos dinamicamente conscientes e inconscientes.
Cada pessoa tem uma maneira para lidar com os acontecimentos da vida; isso faz parte de sua singularidade. A forma como subjetivou suas vivências, a maneira como percebeu os acontecimentos do passado ou como lida com as perspectivas em relação ao futuro, tudo ajuda a construir uma percepção individual de si e da realidade e poderá influenciar a forma como cada um vivencia o estresse.
Não podemos evitar os sintomas físicos diante de uma situação de estresse, mas podemos evitar que se transformem em algo incapacitante.
Podemos reconhecer os sintomas e abrir possibilidades para alterar a resposta do organismo. Depende muito da personalidade de quem vivencia tais experiências e de sua capacidade de avaliar, enfrentar e ressignificar tais vivências.
Ansiedade: Uma Consequência Psíquica do Estresse
A ansiedade é uma consequência psíquica do estresse e, assim como o estresse, faz parte da experiência de vida. Ela tem uma função adaptativa, atuando como um sinal de alerta que prepara o indivíduo para a ação.
A ansiedade uma reação normal do organismo diante de situações com as quais precisamos lidar no decorrer da vida e que provocam dúvidas e expectativas, gerando sentimentos de apreensão. Além disso, envolve padrões fisiológicos e psicológicos, gera tensão corporal e altera funções mentais, bem como mudanças nos estados emocionais e no comportamento. Também altera a percepção, fazendo com que os acontecimentos sejam interpretados de forma negativa e catastrófica, produzindo conteúdos de pensamento que mantêm o estado ansioso.
Sintomas Físicos e Emocionais da Ansiedade
Há uma série de sintomas físicos que podem acontecer devido à ansiedade, como: dor no peito, falta de ar, sudorese, náusea, diarreia e vertigem, por exemplo. Ela também pode causar problemas no aparelho digestivo (gastrite, cólicas e náuseas), no aparelho respiratório (asma e alergias), na pele, hipertensão, dores de cabeça e nas costas, cansaço, insônia, dificuldade de concentração e de memória e distúrbio de funções sexuais. No entanto, a ansiedade não afeta apenas o organismo.
Os sintomas emocionais também são muitos e podem se tornar devastadores. Sentimento de incapacidade, falta de motivação, medos excessivos, receio de lidar com o futuro, de fracassar e de perder o controle, comportamentos compulsivos, como comer ou beber em excesso e roer unhas, distúrbios alimentares, entre outros, são alguns exemplos.
Tudo que está relacionado, a nossa saúde funciona como um todo. A Mente e o corpo não estão dissociados. Portanto, nada no organismo funciona de maneira isolada. Os sistemas respiratório, digestivo, reprodutor ou psíquico estão conectados entre si e quando alterados refletem uns nos outros, cada um na sua especificidade.
DEPRESSÃO
A depressão, assim como a ansiedade e o estresse, também está relacionada às doenças psicossomáticas. Ela não se restringe somente ao psíquico; envolve todo o organismo e afeta tudo o que diz respeito à vida de uma pessoa.
Entre as principais características da depressão estão: tristeza profunda, acompanhada de sentimentos de: desânimo, desesperança, dor, medo, desamparo, vazio, ausência de prazer, amargura, baixa autoestima, desencanto e culpa. Pessoas deprimidas estão mais sujeitas a infecções, como: herpes, enterocolites, erisipelas, urinárias, ginecológicas, entre outras. Além disso, podem sofrer com alteração das funções do sono e do comportamento alimentar e sexual. Nos idosos com sintomas de ansiedade e depressão, é comum a presença associada de, pelo menos, uma doença orgânica. Parte dos sintomas físicos não tem uma explicação médica e revela alterações do estado emocional.
Tratamento das doenças psicossomáticas
É fundamental que o tratamento seja multidisciplinar, ou seja, com a participação de psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas, gastroenterologistas, dermatologistas, neurologista e cardiologista, para que seja eficaz e efetivo.
No tratamento psicoterapêutico, o processo é um pouco mais complexo do que na medicina. Não existem exames para um diagnóstico preciso, como no caso de uma gastrite ou de um problema renal, por exemplo.
Trata-se de um processo de autoconhecimento, no qual o paciente e o terapeuta desenvolvem uma dinâmica de trabalho para entender os mecanismos que disparam os sintomas. Durante seu desenvolvimento, o ser humano constrói e estrutura formas de ser e de reagir aos diferentes estímulos aos quais pode ser submetido
Na psicoterapia, levam-se em conta a totalidade do ser humano e as circunstâncias que o rodeiam, para uma compreensão mais ampla dos processos de adoecer. O foco é o doente e não a doença.
O processo de adoecimento não é um evento causal, mas a resposta do sistema de uma pessoa que vive em sociedade e faz parte de uma cultura. A história de vida do paciente precisa ser analisada. Busca-se a compreensão de como a memória registrou suas vivências desde o início de sua vida, de forma a lhe oferecer instrumentos para enfrentar as dificuldades, desenvolvendo estratégias comportamentais para lidar com estas situações e buscar uma vida com mais qualidade.
Mary Scabora
Psicóloga Clínica
Cuidar da saúde mental também é cuidar da saúde.
Cuide de si!
Referências Psicossomática: duas abordagens de um mesmo problema - http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-73142006000200004 Psicossomática hoje / Júlio de Mello Filho ... [et al.]. Pânico, Sintoma Psíquico e Doença Psicossomática - Rodrigues, Antenor Salzer - Editora Appris.