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Transtorno do Pânico: Entendendo e Superando Pensamentos Catastróficos
Você já se pegou antecipando o pior cenário possível, mesmo sem motivos reais?
Isso se chama Catastrofização, um erro cognitivo que exagera as consequências negativas de eventos. No transtorno do pânico, esse pensamento pode ser devastador.
Relação Entre Catastrofização e Transtorno do Pânico
O pensamento catastrófico e o transtorno do pânico estão intrinsecamente ligados. Esse pensamento aumenta a percepção de ameaça e vulnerabilidade, desencadeando e intensificando os ataques de pânico.
As pessoas com transtorno do pânico frequentemente interpretam sensações físicas inofensivas, como um batimento cardíaco acelerado ou uma leve tontura, como sinais de um desastre iminente, como um ataque cardíaco ou a perda de controle. Consequentemente, essa interpretação distorcida não só aumenta a ansiedade, como também reforça a percepção de vulnerabilidade e impotência diante das situações cotidianas.
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Impacto do Pensamento Catastrófico no Cérebro
No cérebro, a Catastrofização tem um impacto significativo:
- Amígdala Hiperativa: A Catastrofização aumenta a resposta ao medo e a percepção de ameaças, levando a uma hiperatividade na amígdala, a região do cérebro responsável pela resposta ao medo.
- Desequilíbrio dos Neurotransmissores: A Catastrofização pode afetar a serotonina e a noradrenalina, neurotransmissores cruciais para a regulação do humor e da ansiedade, intensificando a sensação de ansiedade e o estado de alerta.
Esses desequilíbrios químicos e respostas exageradas perpetuam um ciclo de medo e estresse, agravando os sintomas do transtorno do pânico.
Hipervigilância e Interpretações Errôneas
Indivíduos que sofrem de transtorno do pânico, muitas vezes, se encontram em um estado de hiper vigilância corporal. Eles se tornam excessivamente atentos a qualquer mudança ou sensação no corpo e as interpretam equivocadamente como sinais de perigo iminente.
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Mesmo sensações normais ou decorrentes de estresse leve, como um aumento da frequência cardíaca devido ao exercício, podem ser erroneamente interpretadas como o início de um ataque de pânico. Esta interpretação exagerada pode desencadear um ataque de pânico, reforçando o medo e a ansiedade relacionados a essas sensações e eventos.
Ademais, a preocupação constante com a possibilidade de novos ataques pode criar um ciclo vicioso de ansiedade e pânico.
Pensamentos Catastróficos no Transtorno do Pânico
Como as Distorções Cognitivas Afetam a Ansiedade e o Pânico
A maneira de pensar de uma pessoa com transtorno do pânico é influenciada por várias distorções cognitivas que exacerbam sua ansiedade e medo. Consequentemente, esses padrões de pensamento distorcidos, como a catastrofização e a hipervigilância, fazem com que a pessoa interprete de forma exagerada e ameaçadora situações e sensações corporais que, na realidade, são inofensivas.
Distorções cognitivas são padrões de pensamento irracionais que distorcem a percepção da realidade, levando a interpretações negativas e exageradas de eventos e sensações, o que pode aumentar a ansiedade, a depressão e outros problemas emocionais.
Distorções Cognitivas Comuns no Transtorno do Pânico
Catastrofização: A pessoa interpreta sensações físicas normais ou leves de forma exagerada e ameaçadora. Por exemplo, uma leve dor no peito pode ser interpretada como um sinal de ataque cardíaco iminente.
Exemplo: Ao sentir uma leve dor de cabeça, a pessoa pensa: “Essa dor de cabeça deve ser um tumor cerebral. Vou acabar no hospital e nunca mais vou conseguir trabalhar ou cuidar da minha família.”
Hipervigilância: A pessoa fica constantemente atenta a qualquer sinal de perigo ou anormalidade em seu corpo, o que pode levar a uma percepção aumentada de sensações corporais.
Exemplo: A pessoa fica constantemente monitorando sua frequência cardíaca, acreditando que qualquer pequena variação possa ser um sinal de um problema cardíaco grave.
Medo de perder o controle: Há um medo intenso de perder o controle durante um ataque de pânico, incluindo preocupações com desmaios, enlouquecer ou morrer.
Exemplo: Durante uma viagem de avião, a pessoa começa a sentir ansiedade e pensa: “Vou perder o controle, começar a gritar e os outros passageiros vão achar que estou louco.”
Evitação: Para evitar a experiência angustiante de um ataque de pânico, a pessoa pode evitar lugares, situações ou atividades associadas com ataques anteriores. Isso pode levar ao isolamento social e à restrição significativa das atividades diárias.
Exemplo: Após ter um ataque de pânico em um supermercado, a pessoa evita completamente fazer compras em supermercados e só vai a pequenas mercearias onde se sente mais segura.
Sensações de irrealidade: Durante os ataques, é comum a pessoa sentir despersonalização (sentir-se desconectada de si mesma) ou desrealização (sentir que o mundo ao seu redor não é real).
Exemplo: Durante um ataque de pânico, a pessoa sente como se estivesse assistindo a si mesma de fora do corpo e que o mundo ao seu redor é apenas uma ilusão. Isso a deixa ainda mais assustada.
Pensamentos automáticos negativos: A pessoa pode ter uma série de pensamentos automáticos negativos e intrusivos, como “Vou ter um ataque de pânico agora”, “Não vou conseguir escapar” ou “Isso é insuportável”.
Exemplo: Ao entrar em um elevador, a pessoa imediatamente pensa: “Vou ter um ataque de pânico aqui dentro. Não vou conseguir sair. Isso será um desastre.”
Interpretações errôneas: A interpretação errônea de sensações corporais pode levar a um ciclo vicioso de medo e pânico.
Exemplo: Ao sentir uma leve tontura ao se levantar rapidamente, a pessoa acredita que isso é um sinal de que vai desmaiar e perder o controle, desencadeando um ataque de pânico.
Preocupação constante: Mesmo fora dos episódios de pânico, a pessoa pode viver com uma preocupação constante sobre quando e onde ocorrerá o próximo ataque, o que aumenta a ansiedade geral.
Exemplo: Mesmo em dias tranquilos, a pessoa fica constantemente preocupada com a possibilidade de ter um ataque de pânico no trabalho, o que aumenta sua ansiedade geral.
Como lidar com os Pensamentos Catastróficos?
Reconhecer e lidar com pensamentos catastróficos é essencial para reduzir a ansiedade. Utilizando estratégias eficazes, você pode transformar esses pensamentos e melhorar seu bem-estar mental.
1 – Reconheça os Padrões: Identifique quando está catastrofizando.
- Aprender a reconhecer sinais de pensamento catastrófico permite intervir mais rapidamente. Manter um diário de pensamentos pode ajudar a identificar padrões e situações desencadeadoras.
2 – Desafie os Pensamentos: Questione a evidência por trás dos cenários catastróficos.
- Uma vez identificado o pensamento catastrófico, desafie-o com perguntas como: “Qual é a evidência de que esse cenário vai acontecer?”, “Existem outras formas mais equilibradas de ver a situação?” ou “Qual é o pior cenário possível e como eu poderia lidar com isso?”. Esse questionamento pode ajudar a desenvolver uma perspectiva mais equilibrada.
3 – Reestruture Cognitivamente: Substitua pensamentos catastróficos por mais realistas.
- Esta técnica envolve substituir pensamentos catastróficos por outros mais realistas e equilibrados. Isso pode incluir avaliar a probabilidade real de ocorrer o pior cenário e considerar resultados possíveis mais positivos ou neutros.
4 – Use Técnicas de Relaxamento: Respiração profunda e meditação ajudam a reduzir a ansiedade.
- Práticas como respiração profunda, meditação mindfulness, e relaxamento muscular progressivo podem ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse que alimentam a Catastrofização, trazendo a atenção de volta ao presente.
5 – Exposição Gradual: Enfrente medos de forma sistemática.
- Para pessoas cuja Catastrofização está ligada ao medo de eventos específicos, a exposição gradual (enfrentar sistematicamente e com segurança os medos) pode ser eficaz. Começando com situações menos assustadoras e avançando gradualmente, essa técnica pode ajudar a construir confiança e reduzir o medo.
6 – Desenvolva Habilidades de Resolução de Problemas: Enfrente desafios de maneira eficaz.
- Aprender e praticar habilidades de resolução de problemas pode ajudar a enfrentar desafios de maneira mais eficaz, reduzindo a necessidade de recorrer à Catastrofização como forma de lidar com o estresse.
7 – Cuide da Sua Saúde: Exercícios, sono adequado e alimentação saudável fortalecem a resiliência mental.
- Manter uma rotina regular de exercícios físicos, garantir um sono adequado e adotar uma alimentação saudável podem fortalecer a resiliência mental e física, reduzindo a vulnerabilidade ao pensamento catastrófico.
8 – Busca de Apoio Profissional: Buscar o apoio de um profissional de saúde mental pode ser crucial.
Para casos em que a Catastrofização é persistente e impacta significativamente a qualidade de vida, buscar o apoio de um profissional de saúde mental é fundamental. Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, estão capacitados para ajudar os indivíduos a entender e modificar seus padrões de pensamento catastrófico.
O Melhor Tratamento para o Pensamento Catastrófico e Transtorno do Pânico
A importância da Psicoterapia no Tratamento do Transtorno do Pânico
A psicoterapia desempenha um papel fundamental e indispensável no tratamento do transtorno do pânico e para lidar com os pensamentos catastróficos. Através de abordagens estruturadas, como a terapia cognitivo comportamental (TCC), os pacientes desenvolvem habilidades cruciais para desafiar e reestruturar a validade de seus pensamentos catastróficos. Consequentemente, adotam uma perspectiva mais equilibrada e menos temerosa frente às situações desafiadoras do cotidiano.
A terapia cognitiva comportamental, reconhecida por sua eficácia no tratamento do transtorno do pânico, atua em múltiplas frentes. Primeiramente, ajuda a identificar e modificar os pensamentos catastróficos, desmantelando o ciclo vicioso da ansiedade. Além disso, os pacientes aprendem técnicas específicas para gerenciar a ansiedade de forma proativa, prevenindo novos ataques de pânico. Como resultado, a frequência e a intensidade dos ataques diminuem, e a resiliência frente aos gatilhos do pânico aumenta significativamente.
Além disso, integrar a psicoterapia com intervenções farmacológicas, quando necessário, resulta em um tratamento abrangente. Essa combinação aborda tanto os aspectos cognitivos quanto os biológicos do transtorno, proporcionando um alívio mais completo dos sintomas. A TCC, em particular, oferece ferramentas sofisticadas para modificar padrões de pensamento distorcidos, contribuindo de forma significativa para a redução da ansiedade e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Implementar essas estratégias requer prática e, às vezes, paciência consigo mesmo. O progresso pode ser gradual, mas com o tempo e o esforço adequados, é possível reduzir significativamente o impacto da Catastrofização sobre a saúde mental e o bem-estar.
Mary Scabora
Psicóloga Clínica
Cuidar da saúde mental também é cuidar da saúde.
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