Olá, eu sou o seu sintoma
19/08/2016Psicoterapia e medicamento: aliados na saúde emocional
23/08/2016Depressão e Ansiedade: quadrinhos exemplificam como é conviver com o sintomas
O artista Nick Seluk, a partir da história enviada por uma leitora relatando como é sua vida com a depressão, criou uma série de quadrinhos que ilustram como é a luta diária de quem sofre com a doença.
Ansiedade e Depressão: Caminhando Juntas em Diferentes Momentos
Ansiedade e depressão frequentemente coexistem e podem se influenciar mutuamente. A ansiedade pode intensificar os sintomas depressivos e vice-versa, criando um ciclo prejudicial.
Pesquisas mostram que 60-70% das pessoas com depressão também sofrem de ansiedade, e metade dos que sofrem de transtorno de ansiedade também tem sintomas significantes de depressão.
Existem diversos estudos em que se observa que o diagnóstico da depressão pode passar para um quadro de ansiedade em 2% dos casos e um quadro de ansiedade pode se desenvolver para a depressão em 24% dos casos.
Dados que comprovam a coexistência:
Altas taxas de comorbidade:
- 60-70% das pessoas com depressão também apresentam transtorno de ansiedade.
- 50% dos indivíduos com transtorno de ansiedade possuem sintomas depressivos significativos.
Mudanças diagnósticas:
- 2% dos casos de depressão evoluem para transtorno de ansiedade.
- 24% dos casos de transtorno de ansiedade progridem para depressão.
Inércia Depressiva: A Luta Contra a Força Invisível que Te Puxa para Baixo
Uma das características da doença é a incapacidade de reação. A depressão o torna impotente, ele não consegue lutar contra uma pressão que o puxa pra baixo.
Essa incapacidade de reação, sintoma central da depressão, se manifesta de diversas maneiras.
- A pessoa pode se sentir incapaz de tomar decisões, mesmo as mais simples, ou de iniciar qualquer atividade.
- Tarefas cotidianas, como se levantar da cama, se vestir ou tomar banho, podem se tornar muito difíceis.
- A motivação, antes vibrante, se esvai, deixando um rastro de apatia e desânimo.
- A energia, antes abundante, se esgota rapidamente, levando à fadiga constante.
Essa paralisia emocional e física torna extremamente difícil enfrentar os desafios da vida. É como se a pessoa estivesse presa em um pântano, sem forças para se libertar. A pressão da depressão a puxa para baixo, tornando cada passo uma luta árdua.
É importante lembrar que essa inércia não é uma escolha. A pessoa com depressão não está sendo preguiçosa ou fraca. Ela está lutando contra uma doença complexa que afeta seu cérebro e sua capacidade de funcionar.
Ela simplesmente não consegue, pois a depressão o torna impotente. É uma doença incapacitante e imobilizadora.
Desmistificando a Depressão: A Luta Invisível Contra a Apatia e a Incompreensão
Muitas pessoas não compreendem a depressão e suas implicações no comportamento de quem a enfrenta. É crucial esclarecer que a depressão não é frescura, falta de esforço ou desmotivação.
A família, muitas vezes, após várias tentativas de estímulo, sente-se impotente e frustrada. É comum que surja a raiva, o que abre brechas para preconceitos e crenças equivocadas sobre a doença, como se a pessoa não quisesse melhorar e não estivesse colaborando para a própria recuperação, tornando o suporte ainda mais desafiador.
É crucial que a família compreenda que uma das características principais da depressão é a incapacidade de reagir. A doença pode deixar a pessoa impotente, incapaz de lutar contra uma pressão constante que a puxa para baixo. Esse entendimento é vital para oferecer o suporte adequado e evitar julgamentos prejudiciais.
Para reduzir o estigma, os familiares devem se informar melhor, criando um ambiente de apoio e compreensão. Usar empatia e paciência é essencial, assim como promover uma comunicação aberta e sem julgamentos.
Entender que a incapacidade de reação é um sintoma de depressão, e não uma escolha, permite que uma família desempenhe um papel vital no processo de recuperação. Encorajar a busca pelo tratamento profissional e criar um espaço seguro para a expressão das emoções são passos fundamentais para apoiar.
A depressão é uma doença complexa, com causas biológicas, psicológicas e sociais. Ela afeta o cérebro e a capacidade da pessoa de regular suas emoções, pensamentos e comportamentos.
Pessoas com depressão frequentemente experimentam uma sensação constante de angústia, tristeza e pessimismo. A falta de ânimo e a baixa autoestima são predominantes, acompanhadas por uma perda de interesse em atividades que antes proporcionavam prazer. Além disso, a depressão pode provocar uma sensação de vazio e desesperança, fazendo com que a vida pareça desprovida de sentido.
É importante lembrar que:
- A depressão não é uma escolha. A pessoa não está “fingindo” ou “exagerando” seus sintomas.
- A depressão é uma doença real e tratável. Com o auxílio profissional adequado, a maioria das pessoas com depressão pode melhorar significativamente.
- Julgamentos e críticas só pioram a situação. A pessoa com depressão precisa de apoio e compreensão, não de críticas e cobranças.
Sintomas Comuns e Episódicos da Depressão para um Diagnóstico Preciso
Embora a depressão possa se manifestar de diversas maneiras, dependendo do tipo específico e das circunstâncias de cada indivíduo, existem alguns sintomas comuns que frequentemente aparecem em vários tipos de depressão.
Esses sintomas incluem humor depressivo, perda de interesse ou prazer, alterações no apetite e peso, distúrbios do sono, fadiga ou perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de concentração ou tomada de decisões, agitação ou retardo psicomotor, pensamentos de morte ou suicídio e sintomas físicos inexplicáveis.
Esses sinais são essenciais para o diagnóstico e muitas vezes são os primeiros alertas de que uma pessoa pode estar sofrendo de um transtorno depressivo.
Episódios Depressivos
Algumas pessoas experienciam depressão em episódios. Isso significa que têm períodos de depressão intensa, seguidos de períodos em que se sentem melhor ou até mesmo completamente bem. Esses episódios podem durar semanas, meses ou até anos, e os intervalos entre eles podem variar consideravelmente. A recorrência dos episódios é comum, e muitos indivíduos podem ter múltiplos episódios ao longo da vida.
Transtorno Depressivo Recorrente
O Transtorno Depressivo Recorrente é caracterizado por episódios repetidos de depressão, onde os indivíduos experimentam sintomas depressivos significativos.
- Esses episódios podem ocorrer periodicamente, por exemplo, anualmente ou a cada dois anos.
- Os episódios podem durar meses ou anos.
- Entre os episódios depressivos, os indivíduos podem ter fases de humor normal.
- Em alguns casos, breves episódios de hipomania podem ocorrer após um episódio depressivo.
Os indivíduos com este tipo de depressão reincidente experienciarão fases depressivas, que podem durar meses ou anos, intercaladas por fases de humor normal.
É muito importante estar preparado quando a depressão volta, pois a recorrência é comum e pode ser debilitante. Preparar-se para esses momentos pode ajudar a minimizar o impacto e facilitar o manejo dos sintomas. Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar uma pessoa a se preparar:
1. Reconheça os Sinais de Alerta Precoce: Identifique os sintomas iniciais que indicam o retorno da depressão. Isso pode incluir mudanças no humor, no sono, no apetite ou nos níveis de energia. Manter um diário dos sintomas pode ser útil para reconhecer esses padrões.
2. Desenvolva um Plano de Ação: Trabalhe com seu terapeuta ou médico para criar um plano de ação personalizado que possa ser implementado quando os sintomas começarem a surgir. Esse plano pode incluir técnicas de enfrentamento, ajustes na medicação e ações práticas para lidar com o dia a dia.
3. Mantenha uma Rede de Apoio: Cultive relações com amigos, familiares e profissionais de saúde mental que possam oferecer suporte emocional e prático. Informe essas pessoas sobre o seu plano de ação e peça ajuda quando necessário.
4. Continue com a Terapia: A terapia contínua, mesmo quando você está se sentindo bem, pode ajudar a reforçar estratégias de enfrentamento e oferecer um espaço seguro para discutir suas preocupações. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é particularmente eficaz na prevenção de recaídas.
5. Gerencie o Estresse: Pratique técnicas de gerenciamento do estresse, como meditação, ioga, exercícios físicos regulares e atividades relaxantes. Reduzir o estresse pode diminuir a probabilidade de uma recaída.
6. Estabeleça uma Rotina Saudável: Mantenha uma rotina diária que inclua hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, exercícios regulares e sono adequado. Ter uma estrutura pode proporcionar um senso de controle e estabilidade.
7. Evite Substâncias Nocivas: Limite ou evite o consumo de álcool e drogas, pois essas substâncias podem piorar os sintomas da depressão e aumentar o risco de recaídas.
8. Esteja Aberto a Ajustes na Medicação: Se você estiver tomando medicamentos antidepressivos, esteja aberto a discutir ajustes com seu médico. Às vezes, mudanças na dosagem ou no tipo de medicação são necessárias para prevenir ou tratar uma recaída.
9. Eduque-se Sobre a Depressão: Quanto mais você souber sobre a depressão, melhor poderá lidar com ela. Leia livros, participe de grupos de apoio e mantenha-se informado sobre novas terapias e tratamentos.
10. Cuide de Si Mesmo: Pratique o autocuidado regularmente. Reserve tempo para atividades que você gosta e que te fazem sentir bem. Manter-se ativo e engajado pode ajudar a combater os sintomas depressivos.
Preparar-se para a recorrência da depressão pode aumentar significativamente a sua capacidade de gerenciar a condição e melhorar sua qualidade de vida. Lembre-se de que buscar ajuda profissional é crucial, e você não precisa enfrentar a depressão sozinho.
A depressão é uma doença séria e incapacitante que, em casos mais graves, pode levar ao suicídio. É fundamental seguir um tratamento completo com profissionais qualificados, combinando medicamentos e psicoterapia. Muitas vezes, tenta-se tratar problemas emocionais apenas com medicamentos, que agem sobre os fatores bioquímicos do cérebro. Embora os medicamentos acalmem e estabilizem os processos químicos, eles não ensinam a lidar com as questões e situações da vida.
Estudos recentes mostram que antidepressivos sem terapia não têm o mesmo efeito. No entanto, quando combinados com a psicoterapia, proporcionam resultados duradouros. A utilização de antidepressivos é útil e alivia os sintomas, colaborando para a melhora da qualidade de vida emocional. Eles regulam a serotonina e restauram a capacidade de determinadas áreas do cérebro que não estão funcionando corretamente.
Contudo, a mudança no cérebro só trará benefícios se houver uma mudança no comportamento. Esta mudança não é obtida apenas com medicamentos, mas através da psicoterapia. A pessoa precisa aprender a reorganizar suas funções cognitivas, o que é possível por meio da reestruturação cognitiva oferecida pela psicoterapia. Com crenças e pensamentos funcionais, a pessoa pode evitar distorções da realidade que levam a emoções e comportamentos disfuncionais.
Se você acha que pode estar deprimido, é crucial conversar com um profissional de saúde mental. A depressão é uma condição tratável, e existem muitos tratamentos eficazes disponíveis para ajudar você a recuperar seu bem-estar.
Mary Scabora
Psicóloga Clínica
Cuidar da saúde mental e emocional também é cuidar da saúde. Cuide de si!