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11/06/2021Envelhecer não é tão somente perder a juventude mas também uma possibilidade pensar um outro modo de vida
O conceito de meia idade é uma construção social que rotula e tenta enquadrar um padrão de comportamento. Porém, nos dias de hoje, isso não se aplica mais. Há alguns anos, pessoas na meia idade eram aquelas que apresentavam algumas características específicas, como: aspectos físicos de senhoras ou senhores, modos de vestir e agir mais conservador, vida aparentemente estável, com filhos já criados e muitas vezes até com netos. Envelhecer não é mais como antes
“Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?” Confúcio
Hoje, a maioria das pessoas com mais de 50 anos não se encaixa mais nesse antigo perfil da meia idade. Não se sentem velhos mas jovens, embora saibam que, levando-se em consideração sua certidão de nascimento, não estejam dentro da faixa etária que representaria a juventude. Tampouco têm o mesmo estilo de vida ou as mesmas inquietações das pessoas mais velhas, como acontecia há alguns anos.
Envelhecimento em transformação
Mudou-se a forma de pensar, a maneira de se vestir e até mesmo os aspectos físicos das pessoas com mais de 50 anos. Elas agora se relacionam com indivíduos de diferentes idades, têm acesso à tecnologia, a cada vez mais informações e estão antenadas ao que acontece no mundo. Além disso, apresentam maior interesse na busca pelo bem-estar. São características que, na maioria das vezes, ajudam as pessoas de meia idade a viverem mais e melhor e refletem nos aspectos físicos e nas atitudes em relação à vida.
Os planos para o futuro e para a vida profissional
Sempre é tempo de fazer planos para o futuro. Mesmo que vivamos em uma sociedade que valoriza a juventude e onde algumas pessoas buscam mais estabilidade, sendo menos ousadas, é importante traçarmos nossos objetivos para a chamada velhice. Muitas pessoas nesta fase da vida estão ainda mais ativas, cheias de energia e com projetos pessoais e profissionais. Muitos se consideram tão ativos ou mais que aos 25 anos, por exemplo.
Nesta etapa da vida, muitas pessoas têm a oportunidade de iniciar atividades que, pelas demandas da juventude, não puderam fazer quando mais novos. É então que resolvem aprender novos idiomas, a dançar, passam a viajar mais, participam de torneios e competições. É comum ver pessoas que, a partir dos 50 anos, decidiram praticar uma nova atividade esportiva e até começaram, por exemplo, a participar de maratonas e outros tipos de disputa. Também acontece de se aventurarem em uma nova profissão.
O envelhecer e o amor
Muito embora o envelhecimento promova uma série de alterações no corpo, no organismo e consequentemente na sexualidade, a vida sexual e afetiva não chega ao fim numa idade avançada. Desejos afetivos e sexuais permanecem. Afinal, questões relativas ao amor, ao sexo e às atividades sexuais começam na mente.
Na maturidade o sexo torna-se cada vez mais afetivo.
Muitas mulheres usufruem de uma vida sexual mais plena na maturidade. Após os 50 anos elas já não tem as mesmas demandas que ocupavam seu tempo e tornavam os dias mais cansativos.
Outra característica dos novos tempos, que colaborou para traçar um perfil mais moderno das pessoas da meia idade, é a utilização das redes sociais e aplicativos de relacionamentos para conhecer novos amigos e/ou parceiros. A tecnologia tornou mais fácil esta etapa inicial das relações afetivas: o encontro.
Experiências de vida, autocuidado e estabilidade financeira
A idade não é um fator determinante para a estabilidade financeira. Diante da realidade social e econômica do País, um grande número de pessoas não conseguiu ainda a sonhada estabilidade e, por conta disso, continua tão competitivo e focado como uma pessoa de 25 anos.
Como a juventude se estendeu por um período maior da vida e a sociedade mudou, muitas mulheres passaram a adiar o momento da maternidade.. Com isso, tornou-se comum ver casais e pessoas de meia idade com filhos que ainda demandam gastos e cuidados.
É claro que também há muitas pessoas, com mais de 50 anos, que já alcançaram a estabilidade financeira. Algumas até já se aposentaram dos antigos trabalhos e funções e até resolveram se aventurar em uma nova carreira. Com mais estabilidade e tranquilidade, fica então mais fácil investir em cuidados consigo e nas realizações pessoais.
Percebe-se também que pessoas dessa faixa etária estão ficando mais preocupadas com a aparência e a saúde, em fazer exercícios e se ocupar consigo*.
De modo geral, as pessoas estão começando a se cuidar mais cedo e, quando chegam aos 50, sua aparência apresenta jovialidade e vitalidade.
Atualmente, temos acesso a cada vez mais informações e referências e nossos padrões de moda e comportamento são menos restritivos quando se fala em idade. E embora exista um apelo pela juventude, muitas pessoas estão priorizando o bem-estar e a saúde ao invés de apenas parecerem mais jovens.
Considerações:
O envelhecimento apresenta mudanças físicas e orgânicas, que são inevitáveis e fazem parte do processo de maturação da vida. Além do declínio biológico e das limitações físicas, o avanço da idade trás também as perdas, a solidão, carência afetiva, cansaço e outras mudanças relacionadas ao corpo, à profissão e às relações familiares e sociais. Muitas vezes surgem momentos em que emergem questões, que muitas vezes geram pensamentos conflituosos e emoções desconfortáveis e são difíceis de lidar. Porém, a idade também é um estado mental e o estilo de vida conta muito na maneira como são enfrentados e resolvidos os problemas. Tudo vai depender de como cada um assimila suas vivências e sente a vida.
Para muitas pessoas, envelhecer é um presente, pois se sentem mais autônomas e livres para serem elas mesmas, sem se preocuparem com as amarras sociais. Para outras, envelhecer é uma chatice, pois impõe limitações e frustrações.
Assim como há indivíduos que não se reconhecem no rótulo e nos padrões da meia idade ou da velhice e, mesmo com 70 anos, sentem-se como se tivessem 35, há os que com 30 agem e pensam como se tivessem 80.
Saber envelhecer é uma arte. É importante pensar que, embora a envelhecimento tenha suas limitações, também tem saberes e vivências que só quem realmente passa pela experiência conhece. O importante é saber extrair o melhor dos acontecimentos e se nutrir de bons e proveitosos encontros.
Mary Scabora
Texto baseado na entrevista para o jornal O dia para a matéria em busca do tempo perdido
Mary Scabora
Psicóloga Clínica
Cuidar da saúde mental também é cuidar da saúde.
Cuide de si!