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Envelhecer com presença: liberdade, tempo e identidade
Porque o tempo não nos limita — ele nos transforma
O conceito de meia idade é uma construção social que rotula e tenta enquadrar um padrão de comportamento. Porém, nos dias de hoje, isso não se aplica mais. Há alguns anos, pessoas na meia idade eram aquelas que apresentavam algumas características específicas, como: aspectos físicos de senhoras ou senhores, modos de vestir e agir mais conservador, vida aparentemente estável, com filhos já criados e muitas vezes até com netos. Envelhecer não é mais como antes
“Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?”
Confúcio
Hoje, a maioria das pessoas com mais de 50 anos não se encaixa mais nesse antigo perfil da meia idade. Não se sentem velhos, mas jovens. Ainda que sua certidão de nascimento diga o contrário, sua energia, estilo de vida e visão de mundo se alinham mais à autonomia do que à velhice tradicional.
Além disso, muitas dessas pessoas não compartilham mais as mesmas inquietações ou prioridades das gerações anteriores. O que antes era visto como comportamento esperado para a meia idade, hoje se fragmenta em múltiplas formas de viver — e de sentir o tempo.
Envelhecimento em transformação

Mudou-se a forma de pensar, a maneira de se vestir e até mesmo os aspectos físicos das pessoas com mais de 50 anos. Elas agora se relacionam com indivíduos de diferentes idades, têm acesso à tecnologia, a cada vez mais informações e estão antenadas ao que acontece no mundo. Além disso, apresentam maior interesse na busca pelo bem-estar. São características que, na maioria das vezes, ajudam as pessoas de meia idade a viverem mais e melhor e refletem nos aspectos físicos e nas atitudes em relação à vida.
Planos, futuro e propósito depois dos 50
Envelhecer não é tão somente perder a juventude, mas também uma possibilidade de pensar um outro modo de vida.

Sempre é tempo de fazer planos para o futuro. Mesmo que vivamos em uma sociedade que valoriza a juventude e onde algumas pessoas buscam mais estabilidade, sendo menos ousadas, é importante traçarmos nossos objetivos para a chamada velhice. Muitas pessoas nesta fase da vida estão ainda mais ativas, cheias de energia e com projetos pessoais e profissionais. Muitos se consideram tão ativos ou mais que aos 25 anos, por exemplo.
Nesta etapa da vida, muitas pessoas têm a oportunidade de iniciar atividades que, pelas demandas da juventude, não puderam fazer quando mais novos. É então que resolvem aprender novos idiomas, a dançar, passam a viajar mais, participam de torneios e competições.
É comum ver pessoas que, a partir dos 50 anos, decidiram praticar uma nova atividade esportiva e até começaram, por exemplo, a participar de maratonas e outros tipos de disputa. Também acontece de se aventurarem em uma nova profissão.
O envelhecer e o amor
Amor, sexualidade e afeto na maturidade

Embora o envelhecimento promova uma série de alterações no corpo, no organismo e consequentemente na sexualidade, a vida sexual e afetiva não termina numa idade avançada. Desejos afetivos e sexuais permanecem. Afinal, questões relativas ao amor, ao sexo e às atividades sexuais começam na mente.
Na maturidade o sexo torna-se cada vez mais afetivo.
Muitas mulheres usufruem de uma vida sexual mais plena na maturidade. Após os 50 anos elas já não tem as mesmas demandas que ocupavam seu tempo e tornavam os dias mais cansativos.
Outra característica dos novos tempos, que colaborou para traçar um perfil mais moderno das pessoas da meia idade, é a utilização das redes sociais e aplicativos de relacionamentos para conhecer novos amigos e/ou parceiros. A tecnologia tornou mais fácil esta etapa inicial das relações afetivas: o encontro.
Estabilidade, autocuidado e escolhas financeiras

A idade não é um fator determinante para a estabilidade financeira. Diante da realidade social e econômica do País, muitas pessoas não conseguiram ainda a sonhada estabilidade e, por conta disso, continua tão competitivo e focado como uma pessoa de 25 anos.
Como a juventude se estendeu por um período maior da vida e a sociedade mudou, muitas mulheres passaram a adiar o momento da maternidade. Com isso, tornou-se comum ver casais e pessoas de meia idade com filhos que ainda demandam gastos e cuidados.
É claro que também há muitas pessoas, com mais de 50 anos, que já alcançaram a estabilidade financeira. Algumas até já se aposentaram dos antigos trabalhos e funções e até resolveram se aventurar em uma nova carreira. Com mais estabilidade e tranquilidade, fica então mais fácil investir em cuidados consigo e nas realizações pessoais.
Saúde, aparência e bem-estar: o corpo como escolha

Percebe-se também que pessoas dessa faixa etária estão ficando mais preocupadas com a aparência e a saúde, em fazer exercícios e se ocupar consigo.
De modo geral, as pessoas estão começando a se cuidar mais cedo e, quando chegam aos 50, sua aparência apresenta jovialidade e vitalidade.
Atualmente, temos acesso a cada vez mais informações e referências e nossos padrões de moda e comportamento são menos restritivos quando se fala em idade. E embora exista um apelo pela juventude, muitas pessoas estão priorizando o bem-estar e a saúde ao invés de apenas parecerem mais jovens.
Entre limites e liberdade: o real significado de envelhecer
O que a passagem do tempo altera — e o que ela revela

O envelhecimento traz mudanças físicas e orgânicas que fazem parte do processo natural da vida. Além do declínio biológico e das limitações do corpo, essa fase também envolve perdas, solidão, carência afetiva e transformações nas relações familiares, sociais e profissionais. É comum que surjam momentos marcados por conflitos internos, emoções desconfortáveis e dificuldades de adaptação.
Ao mesmo tempo, envelhecer é também um estado mental. O modo como cada pessoa lida com suas experiências, percebe o tempo e ressignifica seus desafios têm papel decisivo na forma como atravessa essa etapa da vida.
O estilo de vida, os vínculos e a capacidade de se escutar influenciam diretamente a qualidade desse processo.
Nem sempre é perda: há quem sinta a maturidade como ganho

Para muitas pessoas, envelhecer é um presente, pois se sentem mais autônomas e livres para serem elas mesmas, sem se preocuparem com as amarras dos rótulos ou da expectativa social. Para outras, envelhecer é uma chatice, pois impõe limitações, frustrações ou perdas.
Há quem, aos 70, se sinta com 35. E há quem, aos 30, viva como se tivesse 80. Tudo depende da lente com que se enxerga o tempo e do significado que se atribui à própria história.
A arte de envelhecer com consciência
O tempo não nos leva — ele nos revela
Saber envelhecer é uma arte — e como toda arte, exige sensibilidade, escuta e abertura. O envelhecimento, com suas inevitáveis transformações, também traz vivências únicas, saberes profundos e possibilidades novas.
O importante é extrair o melhor de cada fase, nutrir-se de encontros genuínos e manter viva a disposição de reinventar-se.
Envelhecer não exige respostas prontas.
Às vezes, tudo o que se pede é tempo:
Tempo para olhar a própria história com mais gentileza, menos pressa — e um pouco mais de presença.
*Texto baseado na entrevista concedida para o jornal O dia para a matéria em busca do tempo perdido
Envelhecer não exige respostas prontas.
Às vezes, tudo o que se pede é disposição para olhar a própria história com mais escuta, menos julgamento — e um pouco mais de gentiliza.
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