8 Teorias machistas que devem ser abolidas da nossa rotina
28/05/2016Homeostase
14/06/2016Com maior longevidade, participação dos idosos vêm crescendo na sociedade e mostra que a vida continua na “melhor idade”
Leia aqui na íntegra a entrevista concedida ao site O Estado do Rio de Janeiro
O Estado – Por que a libido sexual, geralmente, diminui na terceira idade e como contornar esta situação?
Mary Scabora – A diminuição da libido em idosos esta ligada a mudanças físicas, patológicas, sociais e emocionais.
Nos homens, é natural que com o processo do envelhecimento ocorra gradativamente uma queda da testosterona que interfere no apetite sexual. Muitas vezes uso de determinados tipos de medicamentos para tratamento de doenças orgânicas como a hipertensão, diabetes, problema cardiovascular, depressão, entre outros podem inibir o desejo sexual. É comum que em grande parte dos idosos ocorra disfunção erétil (que é diferente de libido, pois ereção não tem, necessariamente, relação com excitação sexual) e diante deste quadro diminui a autoestima, a segurança e aumenta a ansiedade devido a constante preocupação em relação a sua capacidade e desempenho sexual comprometendo sua relação com o sexo e interferindo na vontade de fazer sexo.
Tanto em homens quanto com as mulheres, fatores emocionais ligados a estresse ansiedade ou depressão que muitas vezes podem ser resultante de problemas no trabalho, casamento, filhos ou financeiros. E, outras questões emocionais comuns às dificuldades e condição de idoso.
Nas mulheres a diminuição da libido pode estar relacionada ao uso de medicamentos em função das doenças orgânicas e dificuldades psicológicas (usos antidepressivos, tranquilizantes e ansiolíticos que inibem o desejo sexual).
Com a chegada da menopausa é possível que a mulher tenha alguma interferência na libido em função de alguns sintomas que podem tornar o sexo desconfortável e menos prazeroso, é comum que neste período ocorram mudanças físicas e orgânicas e a mulher sinta alguma dor durante o ato sexual em função da secura da vagina comprometendo a qualidade do sexo e consequentemente diminuindo a vontade.
Porém as questões hormonais possuem menor relevância na diminuição da libido. Fatores psicossociais e culturais tem maior efeito sobre a libido feminina. A mulher sofre ainda mais que o homem com os preconceitos e a discriminação relativos à sua vida sexual. É comum que mulheres que ao longo da vida tiveram a vida sexual desprovida de prazer e mantinham a atividade sexual apenas como ‘dever’ conjugal usam a menopausa para abster-se das atividades sexuais alegando falta de desejo em função do termino da menstruação ou de questões hormonais.
Para contornar a situação é importante que idoso busque conhecimento sobre os processos do envelhecer, sobre as transformações do seu corpo e se conscientize das implicações do processo, buscar entender as mudanças que ocorrem no seu organismo para que possa se adaptar e desenvolver uma atitude positiva frente a sua realidade.
Na maturidade, o sexo é cada vez mais afetivo.
É preciso mudar a visão médica do sexo calcado no coito. Existem outras praticas sexuais que também são muito prazerosas.
Sexualidade e relação sexual são coisas diferentes.
A sexualidade tem a ver com intimidade, com contato e sentimentos ternos entre múltiplas formas de manifestação. A prática da atividade sexual é importante também para os idosos além de ser extremamente benéfica para a saúde física promove mais qualidade na emocional.
O Estado – Por que algumas pessoas, ao chegarem na terceira idade, não aceitam com facilidade as mudanças sexuais, por exemplo os homens que têm mais dificuldade na ereção?
Mary Scabora – O envelhecimento é um processo fisiológico natural onde ocorrem muitas mudanças físicas e orgânicas. Naturalmente, em função destas mudanças a forma de relacionar com as coisas também muda. É um momento em que a vida sexual é reformulada. Porém as pessoas não se preparam para o envelhecimento, não buscam a compreensão dos anseios e conhecimentos sobre as dificuldades relativas ao envelhecer.
Vivemos em uma cultura machista e que valoriza a juventude. Simbolicamente o pênis é associado ao falo que representa o poder e a força. Alguns homens sentem que sua virilidade e masculinidade esta ameaçada diante da dificuldade de manter ereção. Sentem-se constrangidos e as repercussões podem ser danosas para a saúde física e emocional.
Muitos homens na tentativa de recuperar a mesma ereção da juventude recorrem a infindáveis tratamentos obtendo pouco ou nenhum sucesso. Pode ocorrer uma alteração no quadro de ansiedade comprometendo o desempenho e ele corre o risco de ser o maior responsável por sua dificuldade sexual.
O Estado – Alguns idosos acreditam que “perdem o direito” de manter uma vida sexual por causa da idade e até mesmo a sociedade trata o assunto com certo preconceito. Como mudar esta visão?
Mary Scabora – Apesar dos fatores culturais rotularem e querer enquadrar o idoso em um padrão de comportamento, a velhice conserva a necessidade psicológica de atividade sexual continuada, a vida sexual não chega ao fim. Há a continuidade por pensamentos e desejos sexuais. Não existe uma idade para que isso aconteça. Questões relativas ao sexo e atividades sexuais começam na mente.
A mudança é gradual, pois a sociedade esta envelhecendo e expectativa de vida aumentou. É natural que ocorram mudanças que lançará novos olhares para a vida sexual dos idosos. É preciso desconstruir o preconceito social que existe em relação a idosos sexualmente ativos. Esclarecer que o sexo e a intimidade podem continuar a ser praticados, independente de padrões de desempenho e sem culpas. Descobrir que existem outras formas de prazer sexual.
Algumas pessoas continuam bastante ativas mesmo com a idade avançada, estudos comprovam que a maior parte das pessoas idosas é capaz de manter uma atividade sexual satisfatória. Muitas mulheres usufruem de uma vida sexual mais plena na maturidade.
Após os 50 anos elas já não tem as mesmas demandas que ocupavam seu tempo e tornavam os dias mais cansativos.
Idosos que mantém uma vida sexual ativa melhoram a qualidade de vida e colabora para manifestações e sentimentos positivos para a saúde emocional. Sentem-se mais competentes, confiante que resulta em entusiasmo e alegria elevando a autoestima e segurança. O que aumenta a capacidade de produzir e criar.